Saturday, June 16, 2007

Porta branca



Por detrás desta porta,

uma de todas as portas que para mim se abrem e se fecham,

estou eu ou o universo que eu penso.

Deste meu lado, dois olhos que vigiam

os fenómenos naturais, incluindo a celeste mecânica

e as sociedades humanas, sedentárias e transumantes.

Mas podem os olhos fazer a sua enumeração,

e pode o pensado universo infindamente ir-se,

que para mim o que hoje importa

é aquela olhada vaga porta.

Que ela seja só como a vejo, a porta branca,

com duas almofadas em recorte,

lançada devagar sobre o vão do jardim,

onde o gato, por uma fenda aberta

pela sua pata, tenta ver-me,

tão alheio a versos e a universos

Fiama Hassa Pais Brandão

Cena Vivas

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