a noite não virá
passará ao largo
entre o horizonte e a nuvem
no brancoamarelo da lonjura
estará muda e perplexa
vagueando entre a chuva e o assoprar do vento
sem se aproximar de nós
terá medo que a esventremos
perceberá pelo nosso olhar
que a tememos ainda
mas que ficaremos vigilantes
com os braseiros acesos até de madrugada
ninguém deixará apagar o fogo
passaremos a palavra a sílaba
que manterá o alerta
e a contida raiva atenta
bateremos com força as pedras
sem qualquer ritmo ritual
apenas para que sinta mais medo do que nós
a noite não virá
nem bruta nem serena
olhar-nos-á de longe sem esperança
e abalará silenciosa
Henrique Ruivo
in branco azul ocre

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