Saturday, August 25, 2007

Menina-flor

Menina-flor.
O teu realejo apaixonou-se pela chuva
e parou de tocar.
Para sempre, menina-flor.
Perdeu o verniz, encheu o peito de sal
e ficou.
O teu realejo, um dirigível
a dispersar nuvens.
Para sempre, menina-flor.
Mesmo para lá do inverno.
Mesmo para lá do inverno, menina-flor,
uma recordação de água a voar
em círculos.
O teu realejo calado para sempre.
A tua chuva, o meu poema sem verniz.
Tu, menina-flor, e a chuva:
o meu poema calado em círculos para sempre.
Vasco Gato

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