Monday, August 18, 2008

Luz ténue


Escuto as palavras que amontoas na intermitência do sentir
as que traduzem o silêncio e os gestos da sobrevivência
e onde rasteja uma luz negra
a mesma que um dia te absorveu a pele e te cristalizou o
sangue
observo esses cristais-palavras a dissolver-se na neve
a manter-se espelho
ou a lapidar-se em eco
e não sei o que fazer com a espuma que me fica
entre os dedos


Ana Viana, in Memórias do Desapego, Indícios de Oiro, 2007

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