Monday, June 11, 2007

Nas noites de olhos despertos


Vens de noite no sonho

sem pés

entre páginas

de gasta paciência

quando a música findou

e teu sorriso se desfez

como um grão de pólen.

Vens no veneno oculto

de meus dias

no silêncio

dos meus ossos

devagar

arrastando em queda

o nosso mundo.

Vens no espectro

da angústia

na escrita

inquieta

destes versos

no luto maternal

que me devolve a ti.

A escuridão desce então

sobre o meu corpo

quando o rosto da morte

adormece na almofada.

Ana Marques Gastão

Nocturnos

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